Textos
Série Intervalos no Tempo
2015
por Eder Chiodetto e Fabiana Bruno
Veja também a galeria Intervalo de Tempo.
Ao adotar antigas fotografias de família, abandonadas pela sobreposição de tempos e gerações, a artista Ana Lúcia Mariz encoraja-se a abortar a identidade de personagens esquecidos, apartados de um começo, de suas origens, lançados a um estado de nulidade eterna. A intermitência vem num gesto interventivo, ao propor o apagamento dos viventes das antigas fotografias, abrigando-os, talvez, num firmamento, um além-lugar, preservados do esquecimento dos homens e de suas vãs eternidades.
Das antigas fotografias, agora avistam-se ruínas. A reconfiguração dos antigos cenários é instaurada em bordados misteriosos, um pesponto em linha branca, sobre um tecido negro, um território também órfão de luz. Ato denunciatório, de tempos mortos, a memória dos eternos arquétipos da paisagem do lugar. A obra da artista subverte o rigor da técnica e constela-se com a insubmissão dos que desafiam lugares para a alma.
Eder Chiodetto e Fabiana Bruno